“Coberto por uma cutícula…”

Subo uma rua, abro um portão
Por trás de uma capa e sinto a tensão
Passo o recinto e vejo-te a ti
És dona do meu ser e só agora entendi
Dona deste meu ser e de outro qualquer
Dona do mundo, doce mulher.
Dirijo-me á sala, sigo o meu ser
Sento-me atrás dele para me poder ver
Se não fosse assim como poderia ser?

Talvez tendo uma máscara negra e um manto sem fim
Talvez não sendo mais nada, sendo apenas assim.
Falo com todos e todos me falam.
Quebro a barreira de medo e vergonha
Vejo-me ao longe por entre um reflexo,
Perdido num espaço de imensas lacunas,
Triste e distante, totalmente perplexo.

Agora sim sou feliz,
Sinto-te aqui perto a sorrir
Aqui perto a falar,
Aqui perto a ouvir,
Aqui perto a chorar,
Aqui perto a fugir,
Aqui perto, de mim…
Mas aqui perto de quem?
Se eu não sou nada, não sou ninguém
Sou o negro da máscara
De quem quer ser alguém.

Ateu descuidado, caio no real,
Caio na vida, monótona e banal.
Ironia do destino, correr teatral
Volto a um dia-a-dia intemporal.
Sinto um vazio e uma obrigação racional
Sinto-me preso ao meu interior.
Minha máscara minha, eu incondicional.

Apeteceu-me ir buscar um poema que escrevi à montes de tempo e que mesmo com o passar desse tempo continuo a gostar bastante…

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