“Asas Que Me Deste”

Dois espinhos pregados nas costas
Com raízes ao coração
Foram perguntas sem respostas,
Tremores e oscilação.

Memórias é tudo o que resta
Com o teu rosto apagado
Não tenho dois dedos de testa
Mas não estou preocupado.

Acreditar em amor eterno
Talvez já seja coisa do passado
À de ser o meu inferno,
Destino nunca terminado.

Amo-te e sempre vou amar
O sentimento é impossivel alterar
Meu coração só é da proxima
Que o teu amor superar

Dois espinhos pregados nas costas
Com raízes ao coração
Ambos em sementes se transformam.
E mais tarde de flor asas são.

“Lágrimas são Vento”

Existem lágrimas
Que são como o vento
Não conseguimos vê-las
Mas senti-mo-las cá dentro

Uma vontade do Passado
Para conseguir o Presente
Erros do alcançado
Pagos num futuramente

Assombrações por intervalo
E dúvidas sem fim
Ela não conseguiu perdoa-lo
E esqueceu-se de mim

Como é que em,
Tão curto tempo,
Passou a ser de ninguém
Esse precioso sentimento?

Sou retardado e jumento
Pois nem daqui tão cedo
Cairá no esquecimento
O que disseste sem medo…

Menina olhos cor pôr-do-Sol…

"O que é a Vida afinal?"

Pequeno mundo perdido.
Sentimento esquecido.
Dor e confusão.
Profunda mão.
Um sim?
Não.

É esconder tudo o que quero.
Tentar, mas nunca ser o primeiro.
Voar só no pensamento.
Ser um autentico excremento.
Cobarde e mentiroso
Irresponsável e orgulhoso
Gostar de ser como sou
Uma lágrima do meu avô.

Civilização cega e estúpida,
Tocados por ouro e roupa
Totalmente controlados à bruta
Pelo tempo e por gente corrupta!

Não sei se aqui consigo viver
Vou tentar não me iludir
Aconteça o que acontecer…

"Perguntas"

O que é sonhar, afinal?
O que é a felicidade?
O que é a mentira
E o q é a realidade?

O que é a vida?
O que é a morte?
O que é uma ferida
E o que é ter sorte?

O que é ser esquecido?
O que é ser achado?
O que é ser perdido
E o que é ser roubado?

O que é saber tudo?
O que é não ser nada?
O que é ser ouvido
E o que é uma espada?

O que é que eu próprio sou?
Quando é que tudo isto finda?
Serão sinais de quem voou
Ou de quem não nasceu ainda?

"Aquele Caminho…"

A caminho do nada
Mas a caminho do tudo,
Uma bala disparada
Sobre um coração mudo.

A dor é insuportável
E trás um calor distinto
Tem um travo incomparável,
O simples horror que sinto.

O sentimento é diferente
Mas a magoa é igual,
Fervor secreto e incandescente
Tudo lembranças de um animal.

Lembranças são o passado,
O presente ou o futuro?
Agora são sangue derramado
E tentar andar em frente é duro.

Mas o sentimento é diferente,
A melodia soa mais leve,
Mais solta e envolvente.

O que será do amanhã?
Seja o que tive ou não…
Sei que só vou ouvir o coração!!

"Tarde Sem Chuva…"

O chocalhar das folhas
No negro do céu
Uma aragem fria
Num cenário só meu

No fundo a musica triste
Melancolicamente perdida
Respira-me a mim da janela
Num só sopro de vida

Memórias dançam pelo ar
Sentimentos passeiam pelo chão
E a Tal dor de estômago volta
À força bruta de um empurrão

A lista desliza
Canção após canção
Mas nada vocaliza
O que sente o coração

Quero lavar o sabor
Do velho e do esquecido
Quero aprender a presença
E a novidade do não prometido.

‘More then words’, he says…
Yeah, maybe not… maybe so.

"Baloiço na Estação"

Pensa bem por favor
Ter de suportar de novo a dor
Esconder tudo em meu redor,
Só por seres primavera…

Ninguém quer uma estação do ano
Nem um amor platónico e mundano
Ninguém quer que morra tudo hoje
Nem que amanhã morra outra vez
Querem antes ser quem te protege
E te demonstra sensatez…

Baloiço que vai e volta
Confusão perdida no tempo
Aragem que fecha a porta
E todos deixa a dormir ao relento

Houve tempos em que eras tudo
Bastava uma simples palavra
E ter-te-iam dado o mundo
Mesmo tu não dando nada.

"Obrigado Ilusão, e Adeus…"

Obrigado ilusão,
Por me realçares a visão,
Por me explicares que não,
Por quebrares a união.
Porque por entre a alegria e a desilusão
Nem tudo são farpas
Nem tudo são derrotas
Porque por entre caminhos e voltas
Nem tudo são feridas
Nem tudo são corridas
São apenas pedaços das nossas vidas,
Totalmente á deriva, perdidas…

Obrigado ilusão
Por me relembrares
Que nem sempre estamos sós,
Precisamos é de confiar em nós.
E que ás vezes é difícil entender
Abrir os olhos e ver,
Que o mundo não acaba aqui.
Apenas posso falar do que vi
Meditar nos erros que cometi
E fugir, da mesma forma que menti…
Para mais tarde regressar,
Parar um bocado e olhar
Para o mundo que nos rodeia,
Não ter medo dos acontecimentos
Que possam suceder em cadeia,
Navegar como nos descobrimentos,
Não encarar os sentimentos,
Como parte do que fomos,
Mas como parte do que somos,
E Ir em frente sem medo,
Porque é incrível, mas nunca é cedo…

Obrigado ilusão,
Já não dói o coração.
Ou dói menos do que ontem.
Mas isto com tempo passa
Esta angustia… esta desgraça…

"Saber Com Sabor…"

Só sei o que vejo
E o que vejo és tu
Só sei o que sinto
E o que sinto és tu
Talvez eu seja nada p’ra ti
Talvez seja só mais um
Mas a verdade é que dentro de mim
Existe algo mais forte que amizade comum

Só sei o que vejo
E tu nada vês em mim
Só sei o que sinto
E tu nada sentes por mim
Talvez assim o seja p’ra ti
Talvez seja só mais um
Mas se afirmas não amar ninguém
Então não tenho inveja de nenhum.

“Coberto por uma cutícula…”

Subo uma rua, abro um portão
Por trás de uma capa e sinto a tensão
Passo o recinto e vejo-te a ti
És dona do meu ser e só agora entendi
Dona deste meu ser e de outro qualquer
Dona do mundo, doce mulher.
Dirijo-me á sala, sigo o meu ser
Sento-me atrás dele para me poder ver
Se não fosse assim como poderia ser?

Talvez tendo uma máscara negra e um manto sem fim
Talvez não sendo mais nada, sendo apenas assim.
Falo com todos e todos me falam.
Quebro a barreira de medo e vergonha
Vejo-me ao longe por entre um reflexo,
Perdido num espaço de imensas lacunas,
Triste e distante, totalmente perplexo.

Agora sim sou feliz,
Sinto-te aqui perto a sorrir
Aqui perto a falar,
Aqui perto a ouvir,
Aqui perto a chorar,
Aqui perto a fugir,
Aqui perto, de mim…
Mas aqui perto de quem?
Se eu não sou nada, não sou ninguém
Sou o negro da máscara
De quem quer ser alguém.

Ateu descuidado, caio no real,
Caio na vida, monótona e banal.
Ironia do destino, correr teatral
Volto a um dia-a-dia intemporal.
Sinto um vazio e uma obrigação racional
Sinto-me preso ao meu interior.
Minha máscara minha, eu incondicional.

Apeteceu-me ir buscar um poema que escrevi à montes de tempo e que mesmo com o passar desse tempo continuo a gostar bastante…